A SonaeMC marca presença, pela primeira vez, no Pavilhão de Portugal do certame, com o "objetivo de encontrar importadores e distribuidores alimentares que estejam interessados nos [seus] produtos", nomeadamente "cadeias de supermercados em Macau e Hong Kong", disse à agência Lusa o diretor de exportação, Rui Rodrigues.

A empresa não tem a intenção de vir a abrir lojas na China e está focada em Macau, território para o qual olha como "porta de acesso" para a China continental, apenas numa perspetiva de exportação, área em que começou a apostar no início do ano, estando já presente em Timor-Leste e em Cabo Verde, acrescentou.

A mesma estratégia é seguida pela Probar, que se estreia também na Feira Internacional de Macau com vista a entrar no mercado asiático, depois da Europa, Brasil, Angola e África do Sul, para onde já exporta.

"Estamos a tentar conseguir meter os nossos produtos tanto em Macau como em Hong Kong, pois na China, que é o nosso grande objetivo, temos, para já, algumas restrições ao nível sanitário, que o Governo português está a tentar resolver", disse à Lusa o presidente do conselho de administração da empresa, Carlos Ruivo.

Este responsável lamenta que os produtos portugueses tenham "pouca penetração em Macau, apesar do território ter sido administrado pelos portugueses".

"É um bocado pena que não tenhamos feito esse trabalho quando estávamos mais presentes", disse.

A mesma opinião é partilhada pelo diretor de exportação de várias marcas de vinho, Paulo Gaspar, que há cerca de 17 anos promove os néctares portugueses na Ásia, constatando que existe um "problema de imagem de Portugal".

"Estamos a vender na China vinhos de gama alta, alguns na ordem dos 40 euros por garrafa, o trabalho para a sua implantação custa muito de princípio porque Portugal não tem um nome como tem França, a Austrália ou o Chile", observou.

Paulo Gaspar está este fim de semana a promover no 'stand' de Portugal no Pavilhão dos Países de Língua Portuguesa vinho verde, do Dão, Porto, Douro, Alentejo e Estremadura que já é exportado "regularmente para a China há cerca de quatro anos, mas que ainda não é vendido em Macau", onde procura agora distribuidores.

"As pessoas na China começam a reconhecer alguns vinhos portugueses, mas não são muitos", concluiu.

Para Paulo Gaspar, a marca Portugal não tem, além-fronteiras, tanto sucesso quando comparada com outras, devido a uma "falta de união".

"A Austrália e o Chile começaram há 15 anos e neste momento são conhecidos e reconhecidos em todo o mundo. Nós, que andamos nisto há 2.500 anos, ninguém nos conhece, porque fazemos sempre tudo sozinhos, com muita mesquinhez, com medo que o parceiro do lado saiba a quem é que vendemos ou compramos, isto não nos tem ajudado. Temos de começar pela base e a base é a união", defendeu.

Eduardo Pinto e Paulo Tolda, que partilham o 'stand' com Paulo Gaspar, representam a Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, a única com presença na Feira Internacional de Macau, pela segunda vez, para ajudar a vender os produtos da região, nomeadamente o vinho de 14 produtores e o azeite de outros dois.

"Somos o concelho que é o maior produtor de vinho do Porto do país, temos cada vez mais pequenos produtores e tentamos ajudá-los, porque não têm capacidade para virem a estas feiras", explicou Paulo Tolda, secundado por Eduardo Pinto, que salientou o facto de a autarquia apostar em "Macau como a porta de entrada para a China".

A 18.ª Feira Internacional de Macau, que decorre até domingo no resort The Venetian, dedicada ao tema "Cooperação - Chave para oportunidades de negócio", conta com a participação de mais de 80 empresas portuguesas dos setores do agroalimentar, imobiliário, construção, energia, recursos naturais, indústrias criativas, banca, entre outros.

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