No relatório mensal enviado aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, o Standard Bank invoca dois motivos para que a atividade económica no primeiro trimestre fosse afetada: "por um lado, pela aprovação do Orçamento do Estado mais tardia do que o habitual, prevista para o mês de abril, o que reflete um atraso de cerca de quatro meses em relação ao que ocorre num ano em que não se observa uma mudança de Governo".

A segunda razão deve-se às "expetativas de uma expansão mais lenta da despesa pública e pelo acumular de pagamentos devidos ao sector privado, incluindo o subsídio aos combustíveis e o reembolso do IVA, o que deverá continuar a pressionar fortemente a tesouraria das empresas".

De acordo com o documento, assinado pelo economista-chefe do Standard Bank local, Fáusio Mussá, Moçambique deverá ter crescido 7,5% no ano passado e deverá abrandar para 7% este ano: "Este ano, espera-se uma expansão mais lenta, reflectindo o impacto negativo das cheias que para além de provocarem uma situação humanitária difícil, destruíram largas extensões de produção agrícola nas regiões centro e norte do país e deixaram essas regiões sem electricidade e comunicação terrestre com o sul durante cerca de 30 dias, mantendo-se a ameaça de cheias adicionais durante este primeiro trimestre do ano.

No que diz respeito à inflação, o Standard Bank prevê que o valor aumente para perto de 5,6% este ano, uma tendência que se revelou já em janeiro: "Moçambique iniciou o ano 2015 com uma forte inflação mensal em janeiro, de 1,84% sobre o mês anterior, a mais alta dos últimos quatro anos, alinhada com factores sazonais e a forte depreciação do metical face ao dólar observada em dezembro de 2014, mas que reflete essencialmente o impacto inicial das cheias sobre a oferta e disponibilidade de alimentos, com esta classe a explicar mais de 90% do aumento mensal de preços".

A moeda moçambicana, de resto, continuará "muito provavelmente pressionada por um dólar forte", mas também pelos "atrasos esperados nos desembolsos da ajuda externa, pela desaceleração dos fluxos de investimento directo estrangeiro no sector do carvão mineral, que muito provavelmente não serão compensados pelo aumento do investimento inicialmente previsto para o desenvolvimento dos projectos de desenvolvimento do gás natural da Bacia do Rovuma por se esperar algum atraso".

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