"É impossível uma empresa dar certo num país onde as pessoas não pagam os serviços, a carga tributária é alta, e todos querem aproveitar-se da ingenuidade dos estrangeiros", afirma à Lusa Martinho das Neves, que se diz enganado por um sócio e amigo e por um advogado, pelo que optou por recorrer ao apoio do Centro de Apoio a Portugueses Carenciados para voltar a Portugal.

A trabalhar na construção civil há muitos anos, Martinho das Neves foi convidado para ir para o Brasil em 2011, no auge da crise imobiliária em Portugal mas o que encontrou no outro lado do oceano desiludiu-o.

"Só quero que as pessoas que me prejudicaram sejam penalizadas, receber pelo meu trabalho e voltar para o meu país", disse o empresário, que reside em Sintra.

Enquanto procura uma maneira de voltar para Portugal, Martinho das Neves também pediu auxílio ao Centro de Apoio para casar-se com a mulher, brasileira, no consulado de Portugal em São Paulo.

O Centro de Apoio também ajuda os atendidos a inscreverem-se no programa Portugal do Coração, que leva a Portugal cidadãos portugueses carenciados com mais de 65 anos que há mais de 20 anos não visitam o país.

Em 2014, dois moradores de São Paulo foram escolhidos para a viagem.

"Para mim era tudo novidade, porque não conhecia nada. Conhecia pela literatura, pelos estudos, televisão, foi maravilhoso, a maior experiência da minha vida", afirmou à Lusa o reformado Albino Diniz da Silva, 81 anos, que vive no Brasil desde os 2 anos de idade.

Também reformado, o açoriano Osvaldo Angelino dos Santos Pereira, 78 anos, pode rever a irmã após 53 anos fora de Portugal, na ilha de Graciosa, através do programa.

Domingos, 36 anos, acabou de sair do sistema penal brasileiro, e quer voltar a Portugal, após o fim do processo de expulsão pela justiça brasileira.

Com o auxílio do Centro de Apoio, conseguiu regularizar os documentos e tem um contato para trabalhar em São Paulo enquanto aguarda.

"Quero voltar, espero que a expulsão chegue daqui a meia-hora", disse, sorrindo.

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