Pela quarta vez seguida, Cabo Verde vai marcar presença nos Jogos Paralímpicos e pela segunda vez com dois atletas, Gracelino Tavares e Márcio Fernandes, ambos qualificados por mérito próprio.

Enquanto Gracelino Barbosa vai correr os 400 metros, Márcio Fernandes vai competir no lançamento do dardo, disciplina que em outubro do ano passado, no Qatar, foi campeão do mundo de desporto adaptado.

Além dos dois atletas, Cabo Verde vai levar ao Rio de Janeiro mais seis pessoas, sendo dois treinadores, ambos portugueses (Carlos Fernandes e Serafim Gadelho), um fisioterapeuta, o chefe e o subchefe de missão e o chefe da delegação paralímpica, Rodrigo Bejarano, que é também presidente do Comité Paralímpico Cabo-verdiano (COPAC).

Em declarações hoje aos jornalistas após serem recebidos pelo Presidente da República interino, Jorge Santos, tanto Márcio Fernandes como Gracelino Barbosa não esconderam as expetativas em subir ao pódio no maior evento desportivo paralímpico mundial.

"As expetativas são altas, fui campeão do mundo no ano passado e é normal que as pessoas queiram repetir todo o sucesso. Vou dar o meu melhor, competir na máxima força e lutar para estar no pódio, mas tudo vai depender das condicionantes e dos outros adversários. Vou dar os meus 200% e logo se vê os resultados", perspetivou Fernandes, número um a nível mundial.

Considerando que nos Jogos Paralímpicos será "o alvo a bater" por ser campeão do mundo no lançamento do dardo, Márcio Fernandes disse, porém, estar preparado física e psicologicamente para enfrentar a competição, em que entra em cena no dia 09 de setembro.

"São eles que vão ter que correr atrás. Vou dar o meu melhor e com certeza vou conseguir um bom resultado, porque acredito no meu potencial e sei que sou muito mais forte do que eles", mostra-se confiante o atleta, que compete com uma prótese, após ter sido amputado a uma perna aos nove anos depois de um acidente de viação.

Pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos, Gracelino Barbosa disse que as expetativas são "positivamente boas" e espera ter uma boa prestação e representar Cabo Verde de forma digna.

"Qualquer atleta tem ambição de subir ao pódio e eu não fujo à regra e quero chegar lá muito forte", perspetivou o atleta, que traçou como primeiro objetivo chegar à final dos 400 metros, disciplina em que corre na categoria T20 (deficiente intelectual), em que é o sétimo a nível mundial.

"Estou muito confiante que pelo menos o meu recorde pessoal (50,55 segundos) vai cair, mas o principal objetivo é chegar à final, fazer uma prestação boa e na final tudo se decide", concluiu Barbosa, que, juntamente com Márcio Fernandes, treina em Portugal, mas esta semana está em Cabo Verde para treinos e uma série de atividades antes da viagem para o Rio de Janeiro.

Gracelino Barbosa corre a meia-final dos 400 metros no dia 08 de setembro e, em caso de apuramento, a final será no dia seguinte.

O presidente do Comité Paralímpico Cabo-verdiano (COPAC), Rodrigo Bejarano, que é por inerência chefe da delegação paralímpica do arquipélago, disse estar "otimista", mas não fala abertamente na possibilidade de os atletas conseguirem medalhas.

Entretanto, disse acreditar no trabalho dos atletas, que estão a se preparar para os jogos há quatro anos e estão entre os melhores do mundo nas respetivas categorias.

A fase de preparação e participação de Cabo Verde nos Jogos Paralímpicos está orçada em quase quatro milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de 36 mil euros), avançou Bejarano.

Esta é a quarta participação seguida de Cabo Verde nos Jogos Paralímpicos, depois de Antenas (2004) com dois atletas, Paulo Tavares e Artemisa Siqueira, Pequim (2008), com Artemisa Siqueira, e há quatro anos em Londres com Márcio Fernandes.

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