A informação foi avançada à imprensa pelo ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, no final de uma visita a alguns bairros da capital cabo-verdiana para se inteirar do estado atual dos principais viveiros de mosquitos.

O governante adiantou que os 58 milhões de escudos (526 mil euros) foram aprovados na reunião de quinta-feira do Conselho de Ministros, e servirão para reforçar as ações na Praia, na ilha de Santiago, que tem a quase totalidade dos 207 casos até agora registados no país.

Até 10 de setembro, a capital cabo-verdiana, onde a doença está a ser tratada como uma epidemia pelas autoridades, registava 193 casos (189 locais), e o ministro da Saúde indicou que continua a notificar quatro a cinco casos por dia.

Arlindo do Rosário especificou que o valor servirá para contratar mais 45 elementos para a luta antivetorial, aquisição de material, inseticida e mais meios de transporte.

"Há um reforço de meios operacionais para, juntamente com a Delegacia de Saúde, fazer isso (luta antivetorial)", apontou o ministro, considerando que a verba só será suficiente se houver um "trabalho forte" de outras entidades na resolução das questões ambientais.

Arlindo do Rosário, que falava à imprensa na zona de Fonton, um dos principais focos habituais de mosquitos, mas que até agora praticamente não registou casos, destacou o trabalho realizado no bairro a nível do ambiente, da correção de águas e o envolvimento da comunidade.

"Significa que, se houver um bom trabalho na área do ambiente, do saneamento, do escoamento do lixo, de envolvimento da comunidade, nós conseguiremos. Isso é uma prova concreta daquilo que deve ser feito", salientou.

Em relação à cidade da Praia, o ministro referiu que existem situações a nível de saneamento "extremamente complicadas", de água estagnada e retidas em ribeiras e valas, que constituem viveiros para criação de viveiros de mosquitos.

"Há que haver um trabalho de infraestruturação fundamental e importante, estruturante", mostrou, dizendo o Governo não quer repetir as mesmas ações todos os anos.

"Não queremos um trabalho paliativo. Não queremos estar a visitar todos os anos os mesmos sítios e a constatar os mesmos problemas. Os problemas estão constatados, é preciso resolvê-los, não se resolvem num dia para o outro, mas são precisas medidas", apelou.

O ministro disse que a luta contra a malária não deve ser apenas do Ministério da Saúde, mas sim de todos os parceiros, não só para eliminar a doença, mas também os viveiros de mosquitos.

Em janeiro, Cabo Verde foi distinguido pela Aliança de Líderes Africanos contra a Malária (ALMA) com o prémio Excelência 2017, pelos resultados alcançados no combate à doença, sendo o único país africano em fase de pré-eliminação.

Arlindo do Rosário disse que o Governo vai "fazer tudo" para eliminar a doença do país até 2020, mas para isso espera contar com a colaboração das Câmaras Municipais, das ONG e de toda a população cabo-verdiana.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) está a apoiar Cabo Verde na luta contra a malária, estando no país dois especialistas para acompanhar a resposta nacional, mas também disponibiliza equipamentos para tratamento.

RYPE // PJA

Lusa/Fim