O anúncio do corte já era esperado como uma forma de combater o momento económico desfavorável e atender à meta de excedente primário de 1,1% do PIB neste ano (diminuída em 0, 1% devido à revisão do PIB de 2014), e de 2% em 2016. O Governo também espera aprovar no Congresso um pacote de ajuste fiscal.

O Governo prevê que o país termine o ano com um Produto Interno Bruto de 5,8 biliões de reais (1,7 biliões de euros), retração de 1,2% no crescimento, e uma inflação de 8,2% (acima do teto da meta, de 6,5%).

"Apesar de haver uma queda do índice de atividade, ela está concentrada no primeiro semestre, e estamos trabalhando para que cresça no segundo semestre. O número do ano é negativo, mas reflete uma retração no primeiro semestre e uma recuperação no segundo", afirmou o ministro.

As despesas primárias previstas para o país foram reduzidas em 65,1 mil milhões de reais (19,1 mil milhões de euros) porque, apesar de um corte de 69,9 mil milhões de reais (20,5 mil milhões de euros) em despesas não obrigatórias, houve uma elevação de 4,8 mil milhões de reais (1,4 mil milhões de euros) nas despesas obrigatórias.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a vitrine do mandato da atual Presidente Dilma Rousseff como ministra-chefe da Casa Civil, terá uma redução da sua dotação máxima de 65 mil milhões de reais (19 mil milhões de euros) para 40,5 mil milhões de reais em 2015 (2,76 mil milhões de euros).

Barbosa afirmou que as prioridades no PAC serão o projeto Minha Casa, Minha Vida, de moradias populares, as obras de mobilidade e saneamento ou para conter a crise hídrica, as rodovias e ferrovias estruturantes, o combate à seca no nordeste, as obras em portos, a ampliação de aeroportos e o plano nacional de banda larga.

O ministro disse também que os projetos considerados estruturantes para o país serão mantidos, assim como aqueles com mais de 70% da obra feita. Apesar do corte, os ministérios da Saúde e da Educação continuarão dentro do mínimo obrigatório, e o programa Bolsa Família, de combate à pobreza, será mantido.

Os ministérios que terão de cortar mais são o das Cidades, de 17,23 mil milhões de reais (5 mil milhões de euros), o da Saúde, de 11,77 mil milhões de reais(3,45 mil milhões de euros), e o da Educação, de 9,42 mil milhões de reais (20,5 mil milhões de euros).

Segundo Barbosa, este é o "maior corte orçamental do Brasil nos últimos anos". O ministro da Fazenda [Economia], Joaquim Levy, um dos idealizadores da estratégia de cortes, não compareceu à divulgação oficial.

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