Sem avançar números, a chefe do serviço provincial de Luanda do INAC, Ana Silva, disse que aumentam os focos de meninos de rua na capital angolana, Luanda, facto que atribui maioritariamente ao fraco poder aquisitivo das famílias.

"Temos hoje um acréscimo de meninos nas ruas, coisa que há dois ou três anos já não era visível, mas hoje temos focos de meninos de rua a aumentar", frisou a responsável, acrescentando que é igualmente elevado o número de crianças com desvios comportamentais.

Ana Silva, que falava à Lusa no âmbito das jornadas comemorativas do Dia Internacional da Criança, a assinalar-se quarta-feira, apontou ainda como preocupações a fuga à paternidade, o abuso sexual de menores e a negligência das famílias para com as crianças.

"Ultimamente, as famílias têm negligenciado muito em questões de proteção à criança, relegam esta proteção dos filhos, da responsabilidade que têm em relação às crianças a terceiros e até às próprias crianças", lamentou.

O trabalho infantil continua a constituir preocupação, sobretudo no setor informal, na área do comércio, disse Ana Silva, onde as crianças servem de mão-de-obra para o transporte de mercadorias, para a limpeza, nos mercados, entre outras tarefas inadequadas.

"Nós ainda há tempos, estivemos a fazer um levantamento e há dois anos também já tínhamos chamado atenção para esse facto (?), por isso temos programadas várias atividades de consciencialização dos vendedores a nível dos mercados", salientou.

Segundo Ana Silva, a situação da criança é muito preocupante e os problemas citados juntam-se ainda à falta de acesso às escolas e ao registo de nascimento.

"Ainda temos alguns problemas neste sentido, que muitas vezes não tem nada a ver com a falta de estruturas, mas sim com as próprias famílias, que não têm disponibilidade e informação", afirmou.

Para comemorar o dia 01 de junho, o Governo da Província de Luanda em parceria com o Ministério da Assistência e Reinserção Social procedem, quarta-feira, à abertura da jornada da criança, que se prolongar até 16 de junho, com a realização de palestras nas igrejas, escolas e outros locais públicos, visitas a locais de interesse histórico, entre outras atividades recreativas e culturais.

NME// APN

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