"As autoridades egípcias estão a tentar encobrir o assassínio de mais de duas dezenas de pessoas durante os protestos comemorativos da revolta popular", a qual resultou na queda do antigo presidente Hosni Mubarak em 2011, denunciou a organização de defesa dos direitos humanos em comunicado.

Segundo relatos recolhidos pela AI, as forças de segurança ameaçaram prender as testemunhas e detiveram dois jornalistas pela cobertura das manifestações.

O Ministério do Interior informou que 23 pessoas morreram e 97 outras ficaram feridas a 25 de janeiro e que foram detidas 516 pessoas -- todas pertencentes à Irmandade Muçulmana, grupo que o Cairo acusou de ter organizado os protestos e de matar os manifestantes.

No seu relatório, a Amnistia indica que as forças de ordem "recorreram repetidamente ao uso excessivo da força para dispersar os protestos" convocados entre os passados dias 23 e 26 e que, durante esse período, foram mortas 27 pessoas.

A organização também refere que foram colocadas bombas em diferentes partes do país, em especial no Cairo, que vários protestos resvalaram em violência e que "algumas pessoas usaram armas de fogo". Contudo, ressalva a organização, "a presença de indivíduos armados entre os manifestantes não confere às forças de segurança o direito de abrir fogo de forma arbitrária".

Para a AI, "as forças de segurança falharam na hora de assumir o controlo da situação e de responder à violência de forma proporcional".

Também acusa as autoridades de não ter intervindo com celeridade nos casos de confrontos entre os participantes dos protestos e os moradores dos bairros onde se realizaram as concentrações.

Relativamente às investigações abertas pela Procuradora para esclarecer as mortes, a AI considera que "parecem estar direcionadas a branquear o grande número de provas sobre as ações cruéis e ilegais" da polícia, apontando que figuram como uma tentativa de "encobrir as ações das forças de segurança".

A organização sublinha que "é necessária uma robusta ação por parte da comunidade internacional para fazer frente ao cada vez maior número de mortes e à crise de direitos humanos no Egito".

Além disso, instou o Cairo a libertar imediatamente os detidos nas manifestações pacíficas e a abrir "investigações independentes e imparciais sobre a violência política" registada.

Após os distúrbios do passado dia 25, o Governo egípcio criticou as condenações internacionais, considerando-as "desequilibradas".

Segundo o Cairo, estas condenações centraram-se no assassínio da ativista política Shaima al Sabag e não nos demais "episódios de violência" sofridos por "milhares de inocentes".

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