Com o documento, de setembro, menos de duas semanas antes da posse de João Lourenço como novo chefe de Estado angolano, é aprovada a inclusão das quatro obras no Programa de Investimentos Públicos (PIP) de 2017, decisão justificada por "a segurança alimentar e nutricional dos angolanos" constituir "uma prioridade do Governo".

Essa prioridade "deve ser suportada por um conjunto de projetos agrícolas integrados a ser implementados em diversas províncias", lê-se no documento, ao qual a Lusa teve hoje acesso.

Em causa estão três empreitadas de construção de Infraestruturas de Desenvolvimento Agropecuário nas províncias de Cabinda, Huambo e Lunda Sul, cada uma contratada por 97 milhões de dólares (82,6 milhões de euros).

Soma-se uma quarta empreitada, a construção da Fazenda de Sementes da Quibala, na província do Cuanza Sul, por 72,4 milhões de dólares (61,7 milhões de euros).

Todos os contratos, autorizados pelo ex-Presidente da República, envolvem a contratação da empresa THAL pela administração da Gesterra, empresa pública responsável pela gestão de terras aráveis em Angola.

"O ministro das Finanças deve assegurar os recursos financeiros necessários à implementação dos referidos projetos", concluiu o mesmo despacho, sem adiantar mais informação sobre a empresa contratada para estas quatro empreitadas.

O município do Cachiungo, na província do Huambo, acolhe na quarta-feira o ato nacional de abertura da campanha agrícola 2017/2018, na presença do Presidente angolano, João Lourenço, a primeira visita oficial do novo chefe de Estado fora de Luanda.

O ministro da Agricultura e Florestas de Angola, Marcos Alexandre Nhunga, reconduzido no cargo, já prometeu uma aposta no setor agropecuário, dando prioridade à produção familiar, com aposta na produção nacional de milho, soja, arroz e feijão.

"Consideramos serem estas culturas fundamentais para alavancar o setor agropecuário. Sendo estas culturas de alto interesse e de grande importância a nível mundial, vamos dar uma atenção especial as estas 'commodities'", disse, este mês, o ministro.

Potenciar os camponeses em regime de produção familiar com meios e ferramentas está igualmente na agenda: "Com mais charruas de tração animal, mais enxadas, catanas, fertilizantes, sementes de melhor qualidade e mais produtivas, mais apoio técnico, com uma presença ativa junto das comunidades ajudando na melhoria das técnicas de produção", afirmou.

Números governamentais recentes indicam que mais de dois milhões de famílias angolanas vivem da agricultura, setor que emprega no país 2,4 milhões de pessoas e que conta com 13.000 explorações empresariais.

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