"Orgulho-me de fazer parte de um povo e de uma liderança sem preconceitos nem complexos em relação a Portugal ou a qualquer povo", escreveu o ex-chefe de Estado numa mensagem na sua página pessoal no facebook.
"É um facto inédito no mundo em que um povo colonizado toma a iniciativa em celebrar a chegada dos colonizadores nas suas praias e o início de séculos de colonização", refere.
Ramos-Horta quer por isso, associar-se "inteiramente às celebrações dos 500 anos da história comum" dos dois povos.
"Timor-Leste diz ao mundo: vivamos todos, sem preconceitos e complexos, juntos continuando a erigir alicerces de solidariedade e da paz", escreve.
José Ramos-Horta - Nobel da Paz em 1996 conjuntamente com o então administrador apostólico de Díli, Ximenes Belo - considera que Portugal "teve um papel central, decisivo, na vitória" de Timor-Leste, que "não teria sido possível sem a ação diplomática concertada" dos países lusófonos.
"Portugal soube assumir com dignidade e determinação as suas responsabilidades como potência administrante de Timor-Leste", referiu, recordando que a partir de 1991 Timor-Leste passou a ser "causa nacional" para todos os órgãos de soberania portugueses.
"Nunca uma ação diplomática portuguesa foi tão consensual, tão intensa e tão apoiada pela opinião pública nacional, por todas as correntes políticas e sociais. E a diplomacia portuguesa que eu testemunhei pessoalmente durante duas décadas revelava grande inteligência, dignidade, persistência e coragem", disse.
O apoio manteve-se, recorda, depois do referendo de 1999 quando "em termos comparativos de PIB, o apoio de Portugal a Timor-Leste, nos anos difíceis de penúrias de Timor-Leste, e anos seguintes de reconstrução nacional e desenvolvimento, superou o de muitos outros países mais ricos".
Hoje, considera, os governantes timorenses devem capitalizar esses laços, procurando "diversificar e intensificar as relações com Portugal, privilegiando investidores e parcerias com bancos e empresas públicas e privadas portuguesas".
Setores como a construção de infraestruturas, agropecuária e segurança alimentar, transportes marítimos e indústria naval, onde Portugal pode ajudar Timor-Leste a dotar-se de "capacidade técnica e humana de manutenção de uma frota nacional, podendo expandir depois para projetos mais ambiciosos de manutenção de navios de recreio e outros de pequeno e médio calado".
"Devemos expandir e melhorar a existente cooperação nas áreas tradicionais como a educação. A cooperação na área de defesa entre Timor-Leste e Portugal tem sido de muito sucesso porque em parte e felizmente as FDTL (Forças de Defesa) têm tido líderes capazes e coerentes que tem sabido valorizar as relações", referiu ainda.
Para Ramos-Horta esta e outras relações, com países como a Indonésia, Austrália e Estados Unidos são demonstrativas da "maturidade em forma e substância" com que liderança timorense aborda e gere "as experiências do passado e os imperativos do presente como Estado soberano".
Relações assentes no pragmatismo mas que onde, insiste, também se impõe a "convicção e sensibilidade de não guardar ressentimentos pelo passado mais trágico e dele nos tornarmos reféns".
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